Essa última aplicação, na agricultura, não teria ficado tão claro para mim se não fosse pela demonstração realizada pelo pessoal do estande da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) na Agrishow, a maior feira de agronegócio da América Latina e uma das maiores do mundo, que aconteceu em Ribeirão Preto de 28 de abril a 2 de maio. Para o pesquisador da Embrapa Instrumentação e responsável pelo projeto desde o início, Lúcio André de Castro Jorge, "o drone é o olho do agricultor".
Parecia mesmo uma abelha, ou um "zangão", como sugere o nome em inglês. Tinha quatro hélices, uma câmera GoPro acoplada a parte inferior e pesava menos de 1 kg. A grande novidade apresentada na feira não foram os drones (robôs aéreos geradores de imagens que ficaram conhecidos pelo uso militar), tampouco sua aplicação na agricultura - a Embrapa calcula que, só no Brasil, cerca de 300 agricultores já o utilizam (sem contar as demais aplicações, pois o número ultrapassa os dois mil em território nacional). O que chamou atenção de inúmeros veículos da mídia foi a tecnologia de última geração dessas micro máquinas e o fato de estarem, a partir de agora, muito mais acessíveis não só ao grande produtor rural mas também aos pequenos e médios. Isso quer dizer que a chamada Agricultura de Precisão não está mais restrita a fazendeiros endinheirados e grandes exportadores.
O menor deles (foto acima), por exemplo, que custa cerca de R$ 5 mil, é capaz, entre outras funções, de detectar falhas no meio da plantação, manchas de invasores e deformidades no tamanho de plantas. Os mais avançados, maiores e mais caros, pensados para gerenciar grandes terrenos, são capazes ainda de captar problemas como estresse hídrico e deficiência nutricional, graças ao modo infravermelho da câmera, além de medir a temperatura do vegetal e do solo com a câmera térmica. Essas vantagens possibilitam um controle mais inteligente e eficiente da plantação, levando ao aumento da produtividade, diminuição do uso de agrotóxicos e, consequentemente, do impacto ambiental.
Segundo Lúcio, em três cultivos os drones na agricultura andam bastante expressivos: o de cana-de-açúcar, pela alta falha de plantio; em florestas, pela estimativa de produção; e em citriculturas, por serem alvos frequentes de doenças. "A tecnologia chegou no campo para ficar, e o processo não tem mais volta", ele afirmou confiante. Recentemente, o ex-Ministro da Agricultura Roberto Rodrigues estimou que nos próximos anos o Brasil deve aumentar sua produção em aproximadamente 40%, reafirmando seu papel como "celereiro do mundo". De acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), só no ano passado, o PIB do agronegócio brasileiro foi de R$ 1,02 trilhão - mais de 20% do PIB total do país. Para 2014, a previsão é que haja crescimento de 3,8%.
É por isso que a chegada do drone na agricultura brasileira é tão oportuna. "Eles têm tudo para alavancar a tecnologia no campo, que ficou muito tempo só patinando", analisa Lúcio. O pesquisador, formado em engenharia eletrônica, conta que percebeu lá atrás, quando viu as primeiras pesquisas serem divulgadas, que essa tecnologia cairia como uma luva para o agricultor rural. "Eu via produtores subirem em muros ou em escadas para ver do alto suas plantações", lembra ele. Com a miniaturização das câmeras e o barateamento da ciência, os drones nunca estiveram tão próximos. Quando este projeto começou, em 1998, a computação era muito cara e, claro, muito menos avançada do que hoje. Até agora, os investimento da Embrapa estão próximos de R$ 5 milhões.
Acidentes
No entanto, a comercializações destes robozinhos não é tão simples quanto parece. Como é uma tecnologia muito nova, a sua venda está atropelando a regulação de entidades como a Anac*, a Agência Nacional de Aviação Civil. "É uma tecnologia muito nova no mundo todo. Então, o que a Anac está fazendo é ouvir os diferentes mercados que querem utilizar ou já utilizam os drones para finalmente criar uma regulamentação até o final do ano", diz Lúcio. Países como Austrália e Espanha já têm lei para o uso, enquanto que os Estados Unidos estão em situação parecida com a nossa. Por enquanto, os que já circulam por aí estão irregulares, sob vista grossa da Anac. Enquanto isso, aconselha-se que não ultrapassem os 300 metros de altura e nem circulem em áreas tripuladas, como no meio da cidade.
"Se o carro dá problema, ele para. Se acontece um pane no drone, ele cai e pode despencar na cabeça de um pessoa", alerta o pesquisador. Eles podem causar outros tipos de acidente, como explodir ou perder o controle sozinho, pois, além desses pequenos, que são controlados por controle remoto, há outras categorias, a média (para aqueles de um até 10 kg) e os grandes, automáticos, que chegam a custar R$ 120 mil e conseguem carregar até 35 kg (foto abaixo).
(Foto stonway.com.br) |
Só depois de ver a demonstração do drone pela Embrapa que entendi a última frase daquela matéria da Time: "as aplicações são ilimitadas". De fato, são. E não vai demorar para vermos mais exemplos como esse acontecer. Fonte: BrasilPost Veja mais: http://www.brasilpost.com.br/giovanna-rossin/os-drones-ja-chegaram-na-agricultura_b_5279938.html?utm_hp_ref=brazil
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