segunda-feira, 27 de julho de 2015

Brasil usará drones para vigiar mata na Amazônia e no Cerrado

Aviões não-tripulados já ajudam na preservação em outros países.
Vigilância pelo ar vai facilitar a mobilização de fiscais e bombeiros.



O Brasil passará a adotar drones para monitorar atividades ilegais nas matas da Amazônia e do Cerrado, como o desmatamento e queimadas. A ideia é do projeto Ecodrones, que será lançado nesta sexta-feira (17) e é uma iniciativa do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, o ICMBio,  ligado ao Ministério do Meio Ambiente, e da organização WWF-Brasil.

Por transmitirem imagens em tempo real, os veículos aéreos não-tripulados (Vant) vão observar áreas que sofrem constantes ataques de madeireiros ou são consumidas por incêndios. Desta forma, a vigilância pelo ar vai facilitar a mobilização de fiscais e equipes de bombeiros.

O Ecodrones já conta com três equipamentos, mas apenas um tem permissão de voar. O modelo Nauru 500, com autonomia de 4 horas de voo e alcance de 80 km, é utilizado pelo ICMBio no monitoramento completo do Parque Nacional Pau Brasil, resquício de Mata Atlântica na Bahia.

Outros dois Vants aguardam pela regulamentação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Por enquanto, só podem voar para testes em uma área delimitada do interior de Goiás.

Segundo Leonardo Mohr, coordenador geral de proteção do Instituto Chico Mendes, os drones são ferramentas importantes para a conservação por terem capacidade de alcançar locais de acesso impossível.

“Tem algumas áreas de combate ao desmatamento em que os madeireiros ilegais dificultam o nosso acesso, colocando toras pela estrada. A gente só consegue ficar sabendo disso quando chega ao local. Nessas situações o equipamento será utilizado e repassará informações remotas”, explica Mohr.
Da guerra para a proteção ambiental

A tecnologia, considerada polêmica já que ainda há debate em torno de sua regulamentação no país, é conhecida por ser empregada principalmente por forças armadas em combates pelo planeta. Os Estados Unidos, por exemplo, são um dos países que usam modelos armados para destruir alvos no Oriente Médio.

Em alguns lugares, os veículos não-tripulados são usados para inspeção de linhas de transmissão, de rodovias ou grandes obras.

Mas os “aviões-robô” também ajudam a “fazer o bem”. Exemplares de diversos tamanhos auxiliam o governo da África do Sul, onde a caça predatória diminui a cada ano a população de rinocerontes e elefantes, e provoca mortes de guarda-parques que tentam coibir a prática criminosa.

Marcelo Oliveira, especialista do WWF-Brasil, explica que no Brasil já foram feitos experimentos com drones em estudos com a população do boto-cor-de-rosa e antas, ambos feitos na Amazônia.

Ele comenta ainda que em locais onde os aviões-robôs foram usados para conservação de animais ameaçados, houve queda de mortes de exemplares e de assassinatos de funcionários de reservas ambientais. As imagens transmitidas pelos drones conseguiam detectar melhor onde estavam os caçadores.

O projeto tem a colaboração de técnicos da Universidade Federal de Goiás e da ONG internacional Conservation Drones, que confecciona equipamentos especialmente para atividades de preservação ambiental. Um dos veículos aéreos não-tripulados que serão usados no Brasil foi projetado pela organização.

Arco do desmatamento terá prioridade

Sobre o projeto no Brasil, Oliveira explica que foram feitos workshops com funcionários do governo para fomentar a ideia da preservação remota. Ele complementa dizendo que a Amazônia e o Cerrado serão priorizados nesse primeiro momento devido à facilidade de operacionalização.

Leonardo, do ICMBio, afirma que as quase 300 Unidades de Conservação do país poderão ser beneficiadas pelo uso da tecnologia, principalmente as que sofrem maior pressão humana, pelo desmate, urbanização, caça ou queimadas.

Uma das regiões consideradas prioritárias pelo projeto é o eixo da BR-163, que liga Cuiabá, em Mato Grosso, a Santarém, no Pará. A área fica localizada no coração do chamado “Arco do desmatamento”, faixa territorial que vai de Rondônia, passando por Mato Grosso, até o Pará.



Fonte: G1


quinta-feira, 23 de julho de 2015

Projeto Ecodrones é lançado no Brasil

A WWF-Brasil, a ONG inglesa Conservation Drones, o ICMBio, a Agência Nacional de Águas (ANA), a Universidade Federal de Goiás (UFG), o Ibama, o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), a Embrapa e o Instituto Araguaia de Proteção Ambiental, uma organização não-governamental do Estado do Tocantins lançaram dia 17 de julho o Projeto Ecodrones Brasil com objetivo de otimizar a conservação do ponto de vista técnico e econômico.

Com capacidade de coletar dados e imagens de alta resolução, a tecnologia dos Veículos Aéreos Não Tripulados (os Vant’s, popularmente conhecidos como drones) pode contribuir na preservação dos recursos naturais. Segundo o especialista do Programa Amazônia do WWF-Brasil, Marcelo Oliveira, o potencial de uso desses equipamentos na esfera ambiental é enorme. Ele contou que os ecodrones trazem oportunidades inovadoras para o mapeamento de áreas protegidas, monitoramento da biodiversidade, combate a incêndios florestais, caça e exploração dos recursos naturais, bem como na coleta de dados científicos. O Diretor de Criação e Manejo do ICMBio, Sergio Brant, destacou que o órgão tem muito interesse nas possibilidades e alternativas de uso dos Vant’s. “É uma ferramenta interessante, que tem uma série de possibilidades de utilização em áreas protegidas: desde fiscalização até o uso público”, afirmou.

A utilização de drones nesse tipo de atividade no Brasil ainda é pequena ou realizada de forma isolada, já que a lei que regulamenta seu uso não traz regras claras para este tipo de finalidade. Para isso, o Projeto Ecodrones está focado em construir um cenários positivo para a utilização dos Vant’s no que diz respeito á conservação ambiental nos próximos meses. “Nós não faremos uso recreativo ou comercial deste equipamento, e entendemos que é preciso uma normatização diferente, que contemple e auxilie seu uso com objetivo de conservação do patrimônio natural brasileiro”, disse Oliveira. Além da regulamentação, Oliveira defende a formação de um corpo técnico capacitado e habilitado para pilotar os equipamentos e realizar um planejamento que possibilite voos seguros e eficientes. “É nessa etapa que o grupo de cooperação está concentrando seus esforços”, afirmou Oliveira.

Fonte: Sambiental

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Correios suíços começaram a usar drones


O objetivo é que os aparelhos venham a ser usados para efetuar entregas regulares de correios, nomeadamente em zonas remotas, como por exemplo aldeias situadas nos Alpes suíços



A Swiss Post anunciou na terça-feira que começou a testar a entrega de encomendas postais através de drones (aparelhos não tripulados), exibindo os aparelhos que espera que daqui a cerca de cinco anos venham a efetuar parte das suas entregas.

“O drone é extremamente leve e tem capacidade para transportar cargas até um quilograma durante mais de 10 quilómetros com um único carregamento de bateria”, refere uma declaração dos correios suíços.

A Swiss Post está a desenvolver o projeto com a Swiss WorldCargo, uma divisão da Swiss International Air Lines. O drone foi concebido pela Matternet, empresa sediada nos Estados Unidos. A rota do voo é seguida com recurso a GPS.

“Até se chegar ao momento do seu uso comercial realista, daqui a cerca de cinco anos, há vários requisitos que precisam de ser clarificados”, acrescenta a declaração da Swiss Post.

Entre esses requisitos encontram-se os regulamentos legais que permitam que um aparelho aéreo não identificado voe, nomeadamente, através dos Alpes suíços, de modo a chegar a aldeias remotas onde as entregas através de drones serão extremamente úteis.

Projeto da Amazon chocou com restrições do uso do espaço aéreo nos Estados Unidos
“As possíveis áreas de aplicação que a tecnologia dos drones apresenta são diversas, indo desde entregas em áreas periféricas à entregas expresso de bens”, acrescentam.

A empresa frisa contudo que “não é realista” pensar que os drones irão substituir os tradicionais métodos de entregas: “Isto é inimaginável no nosso já sobrelotado pequeno espaço aéreo quando mais de 500 000 entregas postais são feitas diariamente, e cerca de um milhão por dia durante a época natalícia”.

Em 2013, a Amazon anunciou que tencionava começar a fazer entregas com drones dentro de “quatro a cinco anos”, mas a ideia chocou com as restrições do uso do espaço aéreo nos Estados Unidos, que determinam que o uso comercial de drones requer uma certificação especial de pilotagem e os aparelhos não são autorizados em zonas de grande densidade populacional.


Fonte: Expresso.sapo.pt
Crédito da Foto: Jean-Christophe Bott/EPA

terça-feira, 14 de julho de 2015

Drones para o desenvolvimento

Os veículos aéreos não tripulados têm povoado a imaginação e pesadelos das pessoas no mundo inteiro nos últimos anos. Em abril, a Marinha dos Estados Unidos anunciou um programa experimental chamado LOCUST (sigla em inglês para “Low-Cost UAV Swarming Technology”, ou Tecnologia de Baixo Custo para Veículos Aéreos Não Tripulados), que, de acordo com as autoridades, promete que irá "vencer um adversário de maneira autônoma" e assim "fornecer aos marinheiros e fuzileiros navais uma vantagem tática decisiva".



Com um nome e uma missão assim – e dado o histórico ético irregular de guerra com drones – não uma surpresa que muitos estejam preocupados com a proliferação contínua de robôs voadores.
Entretanto, o uso do céu veio para ficar. Mais de 3 milhões de pessoas estão no ar diariamente. Cada assentamento humano importante do nosso planeta está ligado a outro pelo transporte aéreo. A DJI, o fabricante chinês de VANT, está próximo a uma avaliação de 10 bilhões. Os drones de carga atingirão um patamar ainda maior nos próximos anos, simplesmente porque, sem o peso de um ser humano e seus sistemas de suporte à vida, eles voarão a um custo mais acessível e serão, ao mesmo tempo, rápidos e seguros.

Nos países ricos, o interesse recente por drones de carga se concentrou no transporte de um ponto de distribuição até o destino final.  Mas as maiores oportunidades se encontram em realizar voos no meio do processo de transporte em países mais pobres. Cerca de 800 milhões de pessoas ao redor do mundo têm acesso limitado aos serviços de emergência, e isso não vai mudar no futuro próximo, porque não haverá dinheiro suficiente para construir estradas para conectá-los. Mediante voos e cargas de tamanho médio que cheguem a muitas destas comunidades isoladas, os drones de carga podem salvar vidas e criar empregos.

Os drones de carga personificam o que Jim Yong Kim, presidente do Mundo Mundial, chama de “a ciência do serviço de entrega”.  Sabemos o que temos que entregar: as soluções para muitos dos nossos problemas mais urgentes já existem. A questão é como fazer isso.
Para responder a esta pergunta, muitos especialistas em assuntos humanitários, robótica e logística, assim como arquitetos e outros se uniram em uma nova iniciativa chamada Red Line, um consórcio com sede na Suíça que tem o objetivo de acelerar o desenvolvimento de drones de carga de emergência e construir o primeiro aerodrone do mundo – na África.

Parece uma utopia tecnológica – ou pelo menos como um enorme desperdício de recursos. Afinal, a experiência das organizações mais bem-sucedidas de desenvolvimento sugere que devemos olhar com ceticismo o poder da tecnologia avançada para trazer mudanças significativas para os mais pobres. Sim, a redução constante do custo de processamento cria novas formas de eficiência, particularmente em smartphones e nas relacionadas conectividade wifi .Mas os gadgets são principalmente chamativos. O que sim dá resultados é o tipo de coisas não chamativas e de custo acessível, como a formação de professores, serviços de saúde para a comunidade e aprendizagem que produz resultados para os menos favorecidos.

É por isso que muitos especialistas em desenvolvimento favorecem a "inovação frugal" ao invés da tecnologia. A maior ONG de desenvolvimento do mundo, a BRAC, com sede em Bangladesh, tem 1,3 milhões crianças matriculadas em escolas de um cômodo só – e onde dificilmente se vê um laptop.

Então, por que ser otimista sobre drones de carga? O Vale do Silício tem uma voz de peso quando se trata da palavra "perturbar", mas uma das razões para estar a favor dos drones de carga é o que justamente eles não causam perturbações.  Em vez disso, eles podem aumentar as redes de distribuição existentes em regiões remotas da África, Ásia e América Latina, onde a pobreza e enfermidades são persistentes, as distâncias são grandes e as estradas nunca são construídas.

Os drones de carga são particularmente adequados para o chamado modelo de agente local de entregas.  As empresas e organizações têm demonstrado que em lugares de difícil acesso na África e sul da Ásia, as mulheres treinadas como microempresárias estão frequentemente melhor posicionadas para fornecer bens e serviços essenciais às suas aldeias, mesmo se elas têm alfabetização limitada e pouca educação formal. Os trabalhadores de saúde comunitários do BRAC, por exemplo, se dedicam a um modelo de micro franquia e recebem rendimentos dos lucros sobre vendas de produtos básicos como medicamentos contra parasitas, malária e métodos contraceptivos.

Embora os drones de carga nunca irão substituir o transporte terrestre, eles podem garantir que bens serviços e vitais cheguem onde são necessários. Os telefones celulares tiveram sucesso na África, porque a tecnologia era muito mais barata do que o investimento em infraestrutura de rede fixa. O mesmo pode ser dito hoje sobre estradas da África. Como o telefone celular, os drones de carga podem se transformar em um produto mais extraordinário: um aparelho que trabalha para aqueles que mais precisam.



Fonte: project-syndicate